
Discutir a violência, quase sempre nos faz pautar nas corriqueiras de mortes violentas de pessoas envolvidas com tráfico de drogas e marginalidade, faz escolhermos entre dois lados imaginários que compreendem e definimem bem e mal, certo e errado, mocinhos e bandidos. Enquanto isso vemos que a maioria das mortes de jovens negros pobres da periferia são praticadas por jovens negros pobre da periferia, que foram armados pela omissão dos governos e pela histórica falta de politicas públicas voltadas para quem verdadeiramente precisa ser dado o reconhecimento de "direitos humanos" como educação, saúde, lazer, habitação, cultura, trabalho e renda.
O que temos visto em nossas comunidades periféricas é um cenário de guerra que muito se assemelha àquelas que ouvimos falar e vimos em filmes, jornais e revistas no continente africano com cenas onde tribos irmãs se mataram com requintes de barbárie inimagináveis, vimos verdadeiras milicias que se autodenominavam como exército de salvação, exército de libertação da África; e que admitiam de forma coerciva meninos soldados para as suas fileiras, exterminando sua vilas e famílias nesse processo. Vimos que o sistema que mantém viva essas guerras civis são municiadas por governos armamentistas, e é o mesmo sistema de governos que discursam e defendem o fim das guerras que financiam. Qual a diferença que existe hoje dessas guerras étnicas na África das guerras civis em nossos guetos brasileiros? Quem põe as armas nas mãos desses soldados cada vez mais jovens, que justificam as mortes de seus irmãos negros e pobres de bairros e até mesmo na mesma rua para garantirem poder e ocupação de territórios?
Discutir segurança implica em lembrar desse direito estabelecido em nossa Constituição Federal, lembrar que os Direitos Humanos e os movimentos de proteção tem que se manifestar sim, quando o Estado perpetrar ações abusivas que de modo a cercear outros direitos e vidas, mas também quando jovens negros e pobres cerceem os direitos e vidas de outros jovens negros e pobres. O Estado de fato dá as armas da ideologia, o tom da indignação e revolta, também dá a arma de fogo, a arma branca que mata, mas de imediato e em consoante devemos dentro de nossas comunidades criar condições de como tirar das mãos de nossa juventude as armas que matam à queima roupa, cruel e indiscriminadamente tantos negros e pobres.
POR RICARDO VIEIR
POR RICARDO VIEIR
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