segunda-feira, 20 de outubro de 2014

785 estupros são registrados na Bahia nos primeiros seis meses de 2014. Lauro de Freitas tem o maior número de casos na Região Metropolitana de Salvador - RMS



Os números são alarmantes. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), de janeiro a junho deste ano, 785 estupros foram registrados na Bahia, o que representa uma média de 4,23 casos por dia.


Mais da metade das ocorrências, 465, foram registradas em cidades do interior da Bahia. Salvador marcou 239 casos e a região metropolitana, 81. As vítimas geralmente são jovens mulheres, crianças e adolescentes. A violência pode ser realizada por um ou mais indivíduos.


Dos 239 casos em Salvador, 97 ocorreram na Região Integrada de Segurança Pública/Baía de Todos-os-Santos (RISP/BTS), composta pelos bairros Liberdade, Barris, Bonfim, São Caetano, Periperi e Cia. Já no interior do estado, os números são assustadores, principalmente, em relação a Vitória da Conquista.


A cidade com aproximadamente 340 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), é recordista de violência sexual. De acordo com dados divulgados no site da SSP, dos 465 casos do interior, 87 ocorreram em Vitória da Conquista, o que representa uma média de 14,3 ocorrências por mês.


Em julho e agosto deste ano, meses que ainda não tiveram as estatísticas divulgadas pela polícia, oito casos de estupros envolvendo crianças e adolescentes foram registrados em oito dias em Vitória da Conquista. Segundo a Polícia Civil, os crimes foram cometidos por cinco pessoas, sendo que três delas já foram identificadas.


Levando em consideração os números da violência em nosso município, que também figura entre as 10 cidades baianas em registro de estupros, tendo como principais vítimas mulheres em todas as faixas etárias e sendo a primeira na Região Metropolitana de Salvador (RMS), tendo 53 registros no ano de 2013 e 24 entre janeiro a junho de 2014, conforme dados da SSP/BA - Secretaria de Segurança Pública da Bahia, ficando à frente de Camaçarí e Simões Filho; 


Vítimas de uma violência sexual podem carregar traumas para a vida inteira, como é o caso das irmãs identificadas apenas como Diana e Deise, da cidade de Guaratinga, interior da Bahia. Respectivamente com 29 e 18 anos, elas foram sucessivamente estupradas pelo pai, durante a infância. “Eu nunca denunciei. Quando completei 17 anos, fugi para Salvador e não voltei nunca mais. Sofri bastante aqui. Não confiava em ninguém e chorava por tudo, mas Deus foi me ajudando a superar”, contou Diana, que atualmente é casada e mãe de dois filhos. “Não tive problemas para me relacionar com meu marido, mas parece que ainda ouço a voz dele (pai) e isso, às vezes, me desespera”, contou.


Diana só tomou conhecimento da violência sofrida pela irmã quando a caçula resolveu denunciar o caso e colocar o pai na cadeia. “No fundo, eu sabia que ele iria fazer com ela o que fazia comigo, mas minha irmã foi mais corajosa do que eu e do que minha mãe”, contou.


De acordo com o psiquiatra André Gordilho, uma vítima de violência sexual pode carregar traumas para o resto da vida, se não procurar uma ajuda médica. “Essas pessoas podem desenvolver um estresse pós- trauma e a primeira reação aguda tem sintomas de depressão, ansiedade e pânico. É importante que realizem a denúncia e procurem ajuda médica para conseguir superar”, alertou.


Ainda de acordo com Gordilho, vários fatores podem levar um indivíduo a cometer um estupro. “Geralmente são pessoas com transtorno de conduta ou desvio de personalidade. Pessoas com padrão moral e ético inadequado. Porém, outros fatores também podem influenciar, como um transtorno mental, surto psicótico, alucinação, voz de comando ou hipersexualidade”, explicou.


Não há um estudo científico que comprove a formação de um estuprador, mas algumas características são essências para identificação de um suspeito. “Geralmente são pessoas que enxergam a mulher como objeto, apresenta personalidade antissocial, ausência de culpa e sofrimento. A maioria dos casos ocorre com pessoas próximas à vítima, mas também podem ser realizados por um ladrão, homicida ou qualquer tipo de maníaco”, explicou o psiquiatra.

POR RICARDO VIEIRA
FONTE: Tribuna da Bahia

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