quinta-feira, 16 de outubro de 2014

POLICIAIS ENVOLVIDOS NO SUMIÇO DE GEOVANE VOLTAM AO TRABALHO




Geovane desapareceu após abordagem da PM
(Foto: Arquivo Correio)


Os policiais militares Cláudio Bonfim Borges, Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende, da Rondesp (Rondas Especiais), acusados pelo sumiço e principais suspeitos pela morte de Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, não estão mais presos. No domingo, eles deixaram o Batalhão de Polícia de Choque, em Lauro de Freitas, para onde foram levados no dia 15 de agosto, após a juíza Ângela Bacelar, do 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, decretar suas prisões preventivas.

Embora ainda não tenha concluído o inquérito policial que apura a morte de Geovane, a Polícia Civil informou, ontem, que não solicitou nova prorrogação da preventiva. A justificativa é que não havia novos elementos que sustentassem o pedido.

A apuração está sendo feita pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que busca, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o indiciamento dos responsáveis pelo crime o mais rápido possível, mas não divulgou prazos.

Em nota, a Polícia Militar da Bahia ressaltou que, com a soltura dos PMs, apenas cumpriu uma decisão judicial. “Tal decisão, que inicialmente decretava a prisão temporária pelo prazo de 30 dias, foi renovada por mais 30 dias e culminou com a liberdade dos custodiados, no último domingo, após o decurso do prazo e nenhuma outra decisão que determinasse o cerceamento da liberdade dos investigados”, informou a nota.

Após 28 dias de prisão, no dia 12 do mês passado, o delegado Jorge Figueiredo, diretor do DHPP, pediu a renovação da preventiva, temendo que as investigações fossem comprometidas. 
Agora, os policiais voltam ao trabalho, porém apenas para cumprir serviços administrativos, de acordo com a nota divulgada pela PM.

A equipe de advogados que acompanha os policiais investigados, contratados pela Associação de Policiais da Bahia (Aspra), preferiu não dar detalhes do trâmite da soltura, justificando que todas as movimentações ocorrem em segredo de Justiça, para preservar as partes do processo. “Aguardamos a conclusão do inquérito para provarmos que os policiais são inocentes”, limitou-se a dizer o advogado Dinoemerson Nascimento. 

Já o Ministério Público (MP-BA) não se posicionou sobre o caso. O Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo da Atividade Policial (Gacep) acompanha as investigações.

Família
Pai de Geovane e principal responsável por provocar o início da investigação do sumiço - quando conseguiu um vídeo que mostra a abordagem policial -, o comerciante Jurandy Silva de Santana, 40, reconhece que não entende os trâmites legais que garantiram a liberdade dos acusados. Ele teme a exposição e afirma que, apesar de aguardar um desfecho da história, não insistirá pela busca dele.



“O que eu vou fazer mais? Minha luta maior foi para enterrar meu filho com dignidade. Toda a sociedade espera por uma resposta, mas é aguardar o que a Justiça vai fazer. Não vou ficar correndo atrás para ser ainda mais prejudicado”, afirmou.

Jurandy afirma ainda que sua vida mudou completamente desde que o crime ocorreu. “Não saio mais à noite, por precaução. Não vou ficar gritando ‘quero justiça’. O que a família quer depois de toda essa história triste é tentar voltar a vida normal”, completou ele.

Geovane morreu em agosto, após ser decapitado e ter o corpo carbonizado. A guarnição da Rondesp Baía de Todos os Santos, comandada pelo subtenente Cláudio, acompanhado pelos soldados Jailson e Jesimiel, o abordou no bairro da Calçada após uma denúncia de roubo. A abordagem, considerada “fora das normas” pela corporação, foi gravada por câmeras de segurança.

As mãos e a cabeça de Geovane foram deixadas em Campinas de Pirajá. Já o tronco e os membros foram encontrados no Parque São Bartolomeu. A denúncia foi feita com exclusividade pelo CORREIO, que mostrou a peregrinação e a investigação por conta própria de Jurandy, na busca pelo paradeiro do filho, que trabalhava lavando veículos em uma empresa de ônibus.

Fonte: Correio da Bahia

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