Se é verdade que o ser humano é naturalmente um ser social, e que a sobrevivência da espécie se deu ao fato de que as organizações sociais trouxeram a segurança e condições para que prevalecesse o gênero humano sobre os outros seres que habitam o planeta, estamos diante de uma ameaça à toda a raça humana que avança no mesmo ritmo em que a tecnologia avança, simplesmente pelo afastamento afetivo entre as pessoas.
Parece contraditório que a internet e outras invenções tecnológicas como a telefonia, a computação, a evolução dos meios de transportes que reduziram os limites geográficos, contribuem ou não conseguem debelar o individualismo crescente que se percebe com o comportamento percebido por um número assustador de pessoas que se isolam no mundo virtual de telas, bites, botões. Prova disso é perceber que nos núcleos familiares e outros ambientes sociais enxergamos cenas em que as pessoas se comunicam muito por mensagens, nas redes sociais mas tem dificuldade de falarem pessoalmente com a mesma vontade e disposição. `Numa mesma casa, onde cada quarto ou cômodo é território pessoal e cada a comunicação se dá quase que completamente por via de mensagens de textos, e os encontros à mesa ou diante de uma tevê não é mais algo tão comum. E o que dizer do crescimento dos condomínios conceitos, onde se oferece uma vida plena num pequeno universo paralelo que pode oferecer de tudo além da residência, como centros comerciais, shoppings,academias, bares, cinemas, quadra esportivas, teatros e afins, o que faz com que um número cada vez maior se isolem nesses castelos modernos.
O resultado disso é uma sociedade cada vez mais egoísta, sem sentimentos de coletividade, solidariedade e de temor ao outro que passa a representar um inimigo ao modo de vida, espaços e a privacidade pretendida. Lembra-me muito os idos tempos dos feudos e vilas medievais que se erguiam enormes muralhas para a proteção de tradições e hábitos das pequenas sociedades, proteção às terras, suas riquezas e mulheres, mas o cisma, a intolerância e outras reações violentas podem ser frutos de uma atitude individualista.
POR RICARDO VIEIRA
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